segunda-feira, 23 de março de 2009

E uma desilusão. Mas desilusão de quê? se, sem ao menos sentir,
eu mal devia estar tolerando minha organização apenas construída?
Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema.
No entanto se deveria dizer assim: ele está muito feliz porque finalmente
foi desiludido.
O que eu era antes não me era bom. Mas era desse não-bom que
eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia
criado um bem futuro.
O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não
me deixo guiar pelo que for acontecendo?
Terei que correr o sagrado risco do acaso.
E substituirei o destino pela probabilidade.
A Paixão Segundo G.H.

quinta-feira, 19 de março de 2009

http://www.youtube.com/watch?v=CYASzm-8BmA

Não adianta nem me abandonar
Porque mistério sempre há de pintar por aí
Pessoas até muito mais vão lhe amar
Até muito mais difíceis que eu prá você
Que eu, que dois, que dez, que dez milhões, todos iguais
Até que nem tanto esotérico assim
Se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais
Mistério sempre há de pintar por aí
Não adianta nem me abandonar (não adianta não)
Nem ficar tão apaixonada, que nada
Que não sabe nadar
Que morre afogada por mim

Gilberto Gil

quarta-feira, 18 de março de 2009

Imagem feita pelo telescópio Hubble registra em um mesmo quadro quatro das luas de Saturno: a gigante Titã (acima, à direita, fazendo sombra no polo norte) e abaixo, da esquerda para direita, Encélado, Dione e Mimas. A cena só é observada quando os anéis do planeta estão perfeitamente na horizontal quando vistos da Terra, o que ocorre a cada 14 ou 15 anos.

terça-feira, 10 de março de 2009

E não posso entender
Tanta gente aceitando a mentira
De que os sonhos desfazem
Aquilo que o padre falou
Porque quando eu jurei
Meu amor eu traí a mim mesmo
Hoje eu sei que ninguém nesse mundo
É feliz tendo amado uma vez.

Raul Seixas

segunda-feira, 9 de março de 2009

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa, a lança que desfolhas,
a água que de súbito brota da tua alegria,
a repentina onda de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados,
às vezes por ver que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e abre-me todas as portas da vida.
Meu amor, nos momentos mais escuros solta o teu riso e se de súbito vires que o meu sangue mancha as pedras da rua, ri, porque o teu riso será para as minhas mãos como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,teu riso deve erguer sua cascata de espuma, e na primavera , amor, quero teu riso como a flor que esperava, a flor azul, a rosada minha pátria sonora.
Ri-te da noite,do dia, da lua,ri-te das ruas tortas da ilha, ri-te deste grosseiro rapaz que te ama, mas quando abro os olhos e os fecho, quando meus passos vão, quando voltam meus passos,nega-me o pão, o ar,a luz, a primavera,mas nunca o teu riso,porque então morreria.

Pablo Neruda

domingo, 8 de março de 2009

Não se acostume com o que não o faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa