Aninha Martins - Faz ideia
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
terça-feira, 18 de novembro de 2014
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Estou emocionado, sinto o meu corpo como uma máquina de precisão em descanso.
Posso dizer que tive verdadeiras aventuras. Não me lembro dos pormenores, mas percebo o
encadeamento rigoroso das circunstâncias. Atravessei os mares, deixei cidades para trás e subi os rios, ou então me embrenhei pelas florestas, e buscava sempre outras cidades. Possuí mulheres e joguei à pancada com homens; e nunca podia voltar atrás, como um disco não pode girar ao contrário. E tudo isso me levava
aonde? A este minuto, a este assento, a esta bolha de claridade sussurrante de música.
And when you leave me...
A Náusea - Saltre
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Sabe o Homem que encontraram no gelo?
Encontraram no gelo da Prússia? Enrolado?
Os arqueólogos encontraram no gelo gelado da Prússia?
Perto das colinas calcáreas da Prússia?
O Homem feito um feto gelado, com sua vara de pesca?
Sabe o Homem que encontraram? Com seu machado de pedra?
O Homem que tinha cabeleira intacta? A arcada dentária?
O Homem meio macaco? Funerário? Fossilizado na encosta que o engoliu? No tempo perdido? Você viu?
Tetravô dos mamíferos do Brasil? O Homem vestígio?
O Homem engolido pela terra primitiva? Da Era Quaternária, não sei? Secundária?
Que caçava avestruz sem plumas? Caçava o cervo turfeiras? Javali e mastedonte?
Ia aos mares fisgar celacanto? Rinoceronte?
Sabe deste Homem?
Irmão do Homem de Piltdown?
Primo do Homem de Neandertal?
Do velho Cro-Magnon?
Do Homem de Mauer? Dos Incas, até?
Dos Filhos do Sol?
Das tribos da Guiné?
O Homem de 100 mil anos antes de nossa era? Ou mais? Um milhão de eras?
Homem com mandíbula de chimpanzé?
Parecido o mais terrível dos répteis carnívoros do Cretáceo?
Um mistério maior que este mistério?
Navegador de jacaré? Não sabe?
Homem desenterrado por acaso? Pelos viajantes, por acaso?
Pela Paleontologia, não sabe?
Visto nas costelas frias da Prússia, repito? Prússia renana, vá saber lá o que é isso?
O Homem ressuscitado, você viu na TV?
De ossos miúdos? Esmiuçados?
Abertos para estudo? À visitação nos museus americanos?
Como uma múmia sem roupa?
Quase?
Flagrada como se estivesse dormindo nas profundezas do mundo oceânico?
O Homem embrionário?
Das origens cavernosas da Humanidade?
Sabe este Homem, não sabe?
Pintado nas cavernas da Dordonha?
Mesolítico?
Nômade?
Perdido?
Este Homem dava o cu para outros homens... E ninguém, até então, tinha nada a ver com isso.
"Homo Erectus" foi extraído do livro de contos "BaléRalé"
quinta-feira, 26 de junho de 2014
segunda-feira, 16 de junho de 2014
sábado, 24 de maio de 2014
A verdade não faz sentido, a grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que
provavelmente pedi e finalmente tive, veio, no entanto me deixar carente como
uma criança que anda sozinha pela terra. Tão carente que só o amor de todo o
universo por mim poderia me consolar e me cumular, só um tal amor que a
própria célula-ovo das coisas vibrasse com o que estou chamando de um amor.
Daquilo a que na verdade apenas chamo mas sem saber-lhe o nome.
Paixão Segundo G.H
segunda-feira, 19 de maio de 2014
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Da noite
"Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?"
Hilda Hilst
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?"
Hilda Hilst
terça-feira, 18 de março de 2014
despedacei-me tanto
de pedaço em pedaço
de pranto em pranto
que no final ficou apenas
um resto do resto:
virei partícula.
fiquei que fiquei
no limiar do normal
num desencanto epidêmico
esperando pelo nada
(e isso é coisa
que pode levar
muito tempo).
não espero ninguém
e se o nada for alguém
então isso vale
para o nada também.
Vaner Micalopulos
de pedaço em pedaço
de pranto em pranto
que no final ficou apenas
um resto do resto:
virei partícula.
fiquei que fiquei
no limiar do normal
num desencanto epidêmico
esperando pelo nada
(e isso é coisa
que pode levar
muito tempo).
não espero ninguém
e se o nada for alguém
então isso vale
para o nada também.
Vaner Micalopulos
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
O fim da estória
Eu nunca sei quando as estórias acabam. Por isso sempre fico preso entre uma e outra, ou entre nenhuma e nenhuma outra; entre um recomeço sem fim e um fim sem término.
Talvez por ser mais espectador, ou coadjuvante, do que protagonista da minha vida, tenha essa enfermidade de não dar conta de quando baixa o pano.
As luzes apagam, o público sai, os colegas limpam a maquiagem e eu continuo lá: com a fala na cabeça, o texto decorado, aguardando a deixa.
A deixa que nunca vem.
Sempre tive medo das coisas e das pessoas. Um pavor e uma falta de fé. Talvez por isso eu tenha criado minha própria companhia teatral, onde sou diretor; contra-regra; atores e público.
Enceno só para mim uma tragicomédia.
A realidade me faz tão mal e me deixa tão fraco que fico, no fundo do palco, muitas vezes, a sussurrar o texto a mim mesmo.
Às vezes não ouço.
Quase sempre não ouço, porque sussurro baixo e minha voz é trêmula...
[...]
queimando, queimando, queimando..
Carriles e eu.
Talvez por ser mais espectador, ou coadjuvante, do que protagonista da minha vida, tenha essa enfermidade de não dar conta de quando baixa o pano.
As luzes apagam, o público sai, os colegas limpam a maquiagem e eu continuo lá: com a fala na cabeça, o texto decorado, aguardando a deixa.
A deixa que nunca vem.
Sempre tive medo das coisas e das pessoas. Um pavor e uma falta de fé. Talvez por isso eu tenha criado minha própria companhia teatral, onde sou diretor; contra-regra; atores e público.
Enceno só para mim uma tragicomédia.
A realidade me faz tão mal e me deixa tão fraco que fico, no fundo do palco, muitas vezes, a sussurrar o texto a mim mesmo.
Às vezes não ouço.
Quase sempre não ouço, porque sussurro baixo e minha voz é trêmula...
[...]
Carriles e eu.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Temos todo o tempo do mundo...
" É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos...
"
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos...
"
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