domingo, 11 de setembro de 2011

.

LVII

Mentem os que disseram que perdi a lua,
os que profetizaram meu povir de areia,
asseveraram tantas coisas com línguas frias:
quiseram proibir a flor do universo.

"Nunca mais cantará o âmbar rebelde
da sereia, não tem senão o povo."
E mastigavam seus incessantes papéis
patrocinando para minha guitarra o esquecimento.

Eu lhes lancei aos olhos as lanças deslumbrantes
do nosso amor cravando teu coração a o meu,
reclamei o jasmim que as tuas pegadas deixavam,

perdi-me de noite, sem luz, sob as tuas pálpebras
e, quando a claridade me envolveu,
nasci de novo, dono das minhas próprias trevas.

pablo neruda

Nenhum comentário: